sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A simplicidade do simples

E é naquele simples momento, naquele efémero instante, quando pego nela e a sinto comigo que verdadeiramente me sinto livre, é como se todo o mundo parece e fica-se a admirar um acontecimento único o momento da união de dois seres tão insignificantes como um Homem e uma guitarra. É uma união mágica dela depende a minha existência fútil e consumista, é a minha droga, e eu de certa forma sou a droga dela, ela precisa de mim e eu dela, é esta união tão intrínseca que nos torna sei lá talvez especiais? Ou será anormais? Preciso dela, é o meu pedaço de madeira neste oceano de mentiras e de perdição…Todo o meu negativismo em mim com ela torna-se positivo, é uma transferência. Eu sou a guitarra e ela sou eu, e juntos somos um. Transfiro para ela tudo aquilo que tenho de mau, raiva, ódio, inveja, ciúmes, e por fim eu próprio, e durante aquele tempo, aqueles instantes, aquela fracção de espaço, eu sou livre, sou vazio, sou um eu sem mim. Passando ela a minha fiel cúmplice, a ficar com todos os meus sentimentos. É um momento de esperança e de cumplicidade, ou de loucura. Eu não vivo sem ela, e ela não se exprime sem mim, vivemos um para o outro e o outro para o um. Posso sempre contar com ela sei que ela nunca me abandona, está sempre pronta a receber aquilo que eu tenho de mau e de odioso para lhe dar, e ela na sua inocente existência aceita, carrega, acata o eu. Não se queixa, não receia e não foge,e por minutos consigo incrivelmente ser feliz… Existem momentos que apenas o pensamento de puder estar com ela, tocar-lhe e por fim fazê-la chorar, tocar, soar, retinir dá-me vontade necessária para prosseguir, a minha eterna musa. O verdadeiro amor é ela: a guitarra, a única que dá esperança, ajuda, carrega, compreende e nunca critica, nunca julga, nunca nos deixa de apoiar…Agradeço a ela por ter a habilidade ou o dom de me conseguir dar todos os dias o dia a seguir.

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