sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Diário de Guerra

Dia 2,3,4,5

Nenhum acontecimento importante. Treino 8h por dia 9651 balas disparadas. 9651 balas no alvo (arma m4a1 munições: 5,56*45mm). 9650 balas no centro. 1 foi ao lado devido a um espirro.



Dia 6

O meu pior dia como soldado. Feri um colega numa luta de facas. Apesar de ser perigoso, somos treinados a usar facas, e num desses treino, num momento de distracção, feri gravemente o Carneiro. Pedi o resto do dia de folga, e fui afogar as máguas para o campo de tiro. Não almocei, faltei ao treino de tarde, não jantei.



Dia 7

Devido à falta ao treino da tarde, passei o dia a encher e uma hora a disparar, 1321 balas. 1321 no centro do alvo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Amanhã?!

Amanhã - a-ma-nhã; futuro, o dia seguinte, depois de hoje, dia imediatamente seguinte àquele que estamos.


Todos nós já tentamos imaginar o amanhã. No sentido literal da palavra, uns defendem que a vida não tinha piada (a preparação para a morte tem piada seja de que maneira for, só o facto de termos consciência que vamos morrer faz-me sorrir, chegar à conclusão que sou efémero é literalmente fantástico, será que todos os seres vivos sabem que vão morrer?), eu sinceramente gostava de conhecer a data exacta da minha morte, do meu amanhã, pois mais tarde ou mais cedo o nosso amanhã será a morte. Devemos encara-la com carinho pois de certeza que ela não se esquece de nós, eu também não me esqueço dela. Há tantas coisas que gostava de fazer antes de partir, ter coragem para (te) contar, pedir desculpa a algumas pessoas, insultar outras, agradecer a outras... Tanta coisa...

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Gostava que um dia considerasses o teu amanhã, o meu amanhã, espero ansiosamente por esse dia. Até lá fico à espera, olhando para os teus olhos, dizendo por olhares aquilo que não digo por palavras.


E assim no mundo existem vários amanhãs, que eventualmente irão convergir na morte.

Se vale a pena conhecer o amanhã. Talvez.

Diário de Guerra - Dia 1

Guerra de Ipsula - Dia 1


Desde que me alistei no exército, que treino para este dia (acho eu), e finalmente este dia chegou. Este tão (ansioso?!) dia.

O embarque no avião foi normal, o hastear da bandeira, o formar e o embarcar. Pelotão 5 da Primeira Companhia. Éramos do regimento de Rangers do Porto. Tínhamos idades entre os 18 e os 30 anos. Eu com 21 anos, era o recruta mais recente presente nesta missão. Todos depositavam a sua desconfiança em mim, além de ser o alvo mais fácil era aquele que ouvia, guardava, e mais tarde, fazia voar da arma ( quer por estilhaços, quer por balas gastas, ou por suor), acatava todas as acusações que me faziam sem responder, sem me preocupar.

Desde que acertei a minha primeira vez num alvo, nunca falhei um tiro, consegui fazer da arma uma extensão do eu, uma prótese colada à minha mão da qual eu tinha absoluto controlo. Sobredotado? assassino... Talvez por isso não gostassem de mim.

10h
Todos tínhamos os para-quedas prontos, íamos saltar, pois a pista de aterragem havia sido destruída por bombardeamentos. O salto fez-se, e todos aterramos em segurança. Embarcamos 4 Pelotões naquele avião. 34 bravos e 2 bravas.
O acampamento estava já montado quando chegamos, os ianques tinham uma certa pressa em mandar-nos para a frente de batalha para tirar de lá os seus bravos, sangue português não vale o mesmo que o americano.

De formatura em formatura, fomos saber em que linha estávamos e quando partiríamos para nos juntar aos nossos companheiros, 4ª linha de combate, ou seja, ainda estávamos a umas semanas de sermos a linha da frente, íamos passar os dias a treinar à espera do nosso bilhete para a morte.
Fomos encaminhados para a nossa linha. As armas e mochilas, estavam devidamente etiquetadas no campo de treino (existe treino para a morte?). Começamos logo a treinar, carreira de tiro estava à nossa espera.


Nada mais fizemos o dia todo. Chegada a noite o merecido descanso.1713 balas disparadas. Balas falhadas 0. Balas no alvo 1713. Balas no centro do alvo 1713.

domingo, 3 de outubro de 2010

Novo vicio desviciante

Realmente o grande senhor Fernando Pessoa, tinha razão quando se referia à famosa dor de pensar, às vezes deseja não pensar tanto e agir mais, e diga-se de passagem que não gosto muito de perder tempo.

Arranjei definitivamente mais um vicio, o exercício físico, além da guitarra é a única forma que uso para evitar a "dor de pensar" tem resultado, mas às vezes vêem uns pensamentos à mente, mas nada que uns socos bem dados no saco de boxe para aliviar esses pensamentos.



Aconselho, faz bem ao corpo e à alma.
PS: Já não quero negócio da branca. Exercício alimentação saudável (desde que tenha carne) e águazinha.